A hipótese de os Estados Unidos bloquearem o serviço de GPS no Brasil ganhou destaque após aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro informarem à Folha de S.Paulo que a medida estaria entre possíveis sanções ao País, motivadas pela recente revogação do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal. A discussão movimentou as redes sociais no último fim de semana e levantou dúvidas sobre a viabilidade de um desligamento unilateral do sistema.
Como funciona o GPS
Criado pelo Departamento de Defesa norte-americano para uso militar, o Global Positioning System passou a atender também aplicações civis no fim da década de 1990. Hoje, a constelação conta com 31 satélites distribuídos em seis planos orbitais. Pelo menos quatro deles permanecem visíveis em qualquer ponto do planeta, permitindo que receptores determinem posição comparando horários de envio e recebimento de sinais de rádio sincronizados por relógios atômicos.
É possível restringir o GPS em um único país?
Consultados pela BBC, especialistas afirmam que, embora tecnicamente possível, limitar o sinal apenas ao território brasileiro traria efeitos colaterais a nações vizinhas e até aos próprios EUA. Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, isso exigiria alterar a forma de transmissão dos satélites, algo considerado “praticamente inviável”, sobretudo a curto prazo.
Métodos de interferência local
Em escala regional, o GPS pode ser prejudicado por jamming (bloqueio deliberado com ondas de rádio) ou spoofing (emissão de sinais falsos). A Rússia recorreu a essas técnicas na guerra contra a Ucrânia, interferindo inclusive em rotas aéreas civis. Especialistas destacam que o uso de equipamentos de jamming em território brasileiro seria classificado como sabotagem.
Impacto e alternativas
Um eventual corte do GPS afetaria setores como aviação, navegação marítima, telecomunicações, logística e sistemas financeiros. Apesar disso, o Brasil não ficaria sem opções: a maioria dos smartphones, aeronaves, navios e dispositivos modernos opera com múltiplas constelações, como GLONASS (Rússia), Galileo (União Europeia), BeiDou (China), NavIC (Índia) e QZSS (Japão), reduzindo a dependência do sistema norte-americano.
Até o momento, não há indicação oficial de que Washington planeje efetivar a medida, considerada complexa e de amplo impacto internacional.
Com informações de TecMundo