Em 1993, a AT&T exibiu nos Estados Unidos uma série de anúncios batizada de “You Will”, que descrevia um cotidiano permeado por videoconferências, relógios capazes de realizar chamadas e filmes sob demanda. Três décadas mais tarde, praticamente todas as cenas apresentadas tornaram-se parte da rotina global, consolidando a campanha como um marco simultâneo de publicidade e visão tecnológica.
No início dos anos 1990, estudos de mercado indicavam que o público associava inovação a fabricantes japonesas como Sony e Panasonic, enquanto a AT&T era vista apenas como operadora telefônica tradicional. Para mudar essa percepção, a agência N.W. Ayer & Partners reuniu o roteirista Gordon Hasse, o diretor de arte Nick Scordato e o produtor Gaston Braun. A direção dos filmes ficou a cargo de David Fincher, então recém-saído de “Alien 3”. A narração foi entregue ao ator Tom Selleck, com uma pergunta recorrente: “Você já…?” seguida da promessa “Você vai. E com a AT&T”.
As peças mostravam:
Apesar do tom futurista, parte dessas soluções existia em protótipos dentro do Bell Labs, braço de pesquisa da própria companhia. Entre os projetos em curso estavam o Picturephone Meeting Service para videoconferências corporativas, sistemas de reconhecimento de voz testados desde 1989 e códigos de compressão de vídeo que dependeriam da expansão de redes de fibra óptica. O laboratório também trabalhava no Plan 9, sistema operacional distribuído, e no padrão de codificação UTF-8, oficializado em 1993.
A campanha transformou esses avanços técnicos em linguagem popular, tornando público o que até então era restrito a laboratórios e conferências acadêmicas. Em 1994, o esforço de comunicação migrou para a internet: a AT&T veiculou um banner com a frase “Já clicou aqui com o mouse? Você vai.”, considerado o primeiro anúncio gráfico da web.
Quase todas as ideias filmadas se materializaram nos anos seguintes, impulsionadas por empresas que ainda engatinhavam ou sequer existiam em 1993. Apple, Google, Amazon e Netflix capitalizaram videoconferências, assistentes de voz, streaming e comércio eletrônico em escala global, enquanto a AT&T concentrou-se na infraestrutura de redes e serviços de telefonia.
Em 2018, no aniversário de 25 anos da campanha, a empresa lançou novos vídeos destacando 5G, cidades inteligentes e inteligência artificial. A repercussão foi modesta, mas serviu para reavivar a memória de um momento em que a publicidade revelou o futuro antes que ele chegasse ao grande público. Em 2022, a própria AT&T voltou ao tema nas redes sociais ao relembrar o anúncio sobre relógios inteligentes, reforçando a relevância histórica da iniciativa.
Interessado em ver como o futuro foi retratado em 1993? Procure “AT&T You Will” nos sites de vídeo: a campanha completa foi digitalizada em alta resolução e permite comparar, cena a cena, as previsões com as tecnologias atuais.
1. O que foi a campanha “You Will”?Uma série de anúncios da AT&T exibida em 1993 que mostrava uso cotidiano de tecnologias então emergentes.
2. Quem dirigiu os comerciais?David Fincher, cineasta que mais tarde assinaria filmes como “Se7en” e “Clube da Luta”.
Imagem: William R via hardware.com.br
3. Qual era o objetivo principal da campanha?Reposicionar a AT&T como empresa inovadora perante o público norte-americano.
4. Quais tecnologias foram destacadas?Videoconferência, streaming, relógios inteligentes, telemedicina, aulas online, entre outras.
5. Essas tecnologias existiam à época?Alguns protótipos estavam em desenvolvimento no Bell Labs, mas ainda não haviam chegado ao mercado de massa.
6. A AT&T comercializou essas inovações?Não. Empresas como Apple, Google e Netflix popularizaram a maioria dos recursos mostrados.
7. Houve continuidade na campanha?Sim. Em 1994 a AT&T lançou o primeiro banner da web e, em 2018, uma releitura focada em 5G e cidades inteligentes.
8. Onde assistir aos vídeos originais?Os comerciais estão disponíveis em plataformas públicas de vídeo mediante busca pelo título “AT&T You Will”.
Longe de ser mera ficção, o comercial “You Will” transformou pesquisas internas da AT&T em narrativa acessível, antecipou tendências que definiriam as décadas seguintes e permanece como referência de comunicação que soube conectar imaginação, engenharia e mercado.
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