A fritadeira elétrica sem óleo, conhecida mundialmente como airfryer, percorreu um longo caminho desde o primeiro protótipo improvisado na garagem de um engenheiro holandês até se tornar um dos eletroportáteis mais vendidos nas cozinhas brasileiras. A história do aparelho envolve invenção caseira, aposta de indústria, recepção inicial de luxo e, por fim, popularização com preços bem mais acessíveis.
Da ideia doméstica à vitrine internacional
O conceito de fritar alimentos sem imersão em óleo surgiu em 2005, nos Países Baixos, quando o engenheiro Fred van der Weij buscava uma solução prática, limpa e mais saudável para o preparo de batatas fritas. O primeiro modelo, construído a partir de madeira, alumínio e tela de galinheiro, media quase o tamanho de um canil e apresentou resultado insatisfatório: batatas queimadas nas pontas e ainda congeladas no centro.
Após diversos testes, Van der Weij refinou o fluxo de ar quente em alta velocidade e apresentou uma versão funcional à Philips. A empresa enxergou potencial comercial na novidade e exibiu o produto público em 2010, durante a feira de tecnologia IFA, em Berlim. Apenas um ano depois, a multinacional firmou acordo de produção em escala e adquiriu a patente do inventor, que faleceu em 2022.
Chegada ao Brasil como item premium
Em 2011, a airfryer desembarcou no mercado brasileiro por R$ 1.100, valor equivalente a dois salários mínimos vigentes à época (R$ 545). Classificado como eletrodoméstico de luxo, o produto foi lançado com exclusividade na Polishop para testar a aceitação do público. Manter a nomenclatura em inglês foi estratégia conjunta da varejista com a Philips para reforçar a percepção de tecnologia europeia.
A diretora de marketing da empresa no período, Luciana Bulau, lembra que o preço era quatro a cinco vezes maior que o de um liquidificador topo de linha, mas as vendas superaram as expectativas. A demanda cresceu rapidamente a ponto de a companhia ter dificuldades de reposição em lojas brasileiras, transformando o país em mercado de referência para a categoria.
Expansão, concorrência e queda de preço
Com a consolidação da tecnologia, outros fabricantes passaram a produzir modelos variados, incluindo versões com funções de forno, cestos maiores para famílias e painéis digitais. O aumento da oferta provocou redução nos valores: em grandes varejistas on-line, é possível encontrar unidades na faixa de R$ 300 a R$ 650, dependendo da capacidade e dos recursos adicionais.
A diversificação também respondeu a críticas iniciais sobre tamanho e consumo de energia. Hoje, existem opções compactas de 3 L para cozinhas pequenas e aparelhos multifuncionais de até 12 L que assam, grelham e descongelam alimentos.
Mitigando rumores sobre segurança
Apesar da fama de preparar refeições com menos gordura, o equipamento enfrentou boatos nas redes sociais. Mensagens sem comprovação científica afirmaram que o aquecimento poderia liberar metais pesados ou substâncias tóxicas. Testes de conformidade conduzidos pelo Inmetro, obrigatórios para a comercialização no país, não identificaram riscos químicos quando os aparelhos são utilizados conforme instruções.
Especialistas em ciência dos materiais consultados por veículos de imprensa ressaltam que revestimentos antiaderentes e ligas metálicas empregados suportam as temperaturas típicas de cozimento sem desprender compostos nocivos. Dessa forma, até o momento não há evidência que relacione o uso correto da airfryer a problemas de saúde.
Dica Bônus
Para conservar o revestimento antiaderente, evite utensílios de metal dentro do cesto. Use espátulas de silicone ou madeira e lave a peça apenas quando estiver completamente fria.
FAQ
1. Quem inventou a airfryer?
Fred van der Weij, engenheiro holandês.

Imagem: g1.globo.com
2. Quando o primeiro protótipo foi criado?
Em 2005.
3. Quando ocorreu a apresentação oficial?
Em 2010, na feira IFA, em Berlim.
4. Quanto custava a primeira airfryer no Brasil?
R$ 1.100 em 2011.
5. Qual era o salário mínimo naquele ano?
R$ 545.
6. A airfryer libera substâncias tóxicas?
Não há evidências científicas de liberação de toxinas quando o aparelho é usado corretamente.
7. Qual é a faixa de preço atual?
De aproximadamente R$ 300 a R$ 650 nos principais varejistas on-line.
8. Quais capacidades existem hoje?
Modelos variam de cerca de 3 L até 12 L, incluindo versões com funções de forno.
Conclusão
Em pouco mais de uma década, a airfryer evoluiu de protótipo experimental a item corriqueiro nas cozinhas brasileiras, acompanhando queda de preço, expansão de funções e esclarecimento de dúvidas sobre segurança, consolidando-se como solução prática para quem busca reduzir o uso de óleo no preparo de alimentos.